O corrimento vaginal é uma condição que afeta boa parte das mulheres. Mas muitas vezes nós deixamos de lado ou esquecemos dela! Mas afinal, o corrimento vaginal pode acontecer por conta de um problema de saúde? Como combatê-lo? O que significa cada cor de corrimento?
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O que é o corrimento vaginal?
“A flora vaginal normal é constituída por Lactobacilos (em predominância), bactérias e fungos, que convivem em equilíbrio. Por motivos internos ou externos, pode haver descontrole desta flora, com proliferação acentuada da classe de bactérias ou fungos, e assumirem a predominância de Lactobacilos”, conta a Dra. Fernanda Torras, médica Ginecologista Obstetra e Mastologista, especialista pela e Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Mastologia.
Quais são as características de cada cor de corrimento vaginal?
De acordo com a classe de microorganismos em proliferação, há corrimento com as características próprias:
Amarelo, verde ou cinza
Essas são as características do corrimento bacteriano, a secreção é amarelada, esverdeada ou até mesmo acinzentada, há odor importante, a consistência da secreção é líquida a leitosa e pode ser bastante volumosa. “Há desconforto e inflamação leve pode ocorrer, mas a principal queixa é o odor”, afirma a ginecologista.
O que pode causar: tricomoníase, infecção vaginal que é sexualmente transmissível ou até clamídia, entre outras possibilidades.
Corrimento branco e pastoso
“No corrimento fúngico, a secreção costuma ser esbranquiçada, grumosa e sem cheiro. Há coceira intensa, inflamação, ardência, muitas vezes incomodo as relações e ao urinar”, caracteriza Torras.
O que pode causar: candidíase vaginal, infecção na vagina causada pelo fungo Candida albicans. Quando há corrimento branco, semelhante ao leite, homogêneo e cheiro de peixe pode ser colpite, uma vaginose causada por protozoários, fungos ou bactérias.
Corrimento Transparente
O corrimento líquido e transparente, semelhante à clara do ovo, pode indicar que está no período fértil do ciclo menstrual. Este tipo de corrimento dura aproximadamente 6 dias e acaba por desaparecer naturalmente passado esse tempo.
O que causa o corrimento vaginal?
O corrimento acontece por uma série de fatores locais vaginais ou sistêmicos ao organismo da mulher. Os principais motivos são:
Mudança no ph vaginal
Excesso de açúcar e carboidratos na alimentação, duchas íntimas, uso abusivo de sabonetes íntimos ou sabonetes intravaginais.
Estresse crônico
Redução na imunidade celular que mantém a flora vaginal em equilíbrio e combate proliferação de microorganismos, principalmente fungos.
Alteração da temperatura local
Uso de calcinhas/biquínis molhados por longo período, uso de calças apertada, que deixam a vulva e vagina em um meio quente e úmido, facilitando proliferação de fungos
Higiene inadequada
Principalmente entre as trocas de absorventes, o que facilita a proliferação de bactérias e fungos.
Ingestão de antibióticos para tratamento de infecções
Pois reduzem flora bacteriana e facilitam proliferação fúngica.
Uso abusivo de probióticos
Com o uso rotineiro e comum e probióticos, temos visto com maior frequência um tipo de corrimento menos frequente que é denominado vaginose citolítica. Neste corrimento, o responsável é o excesso de Lactobacilos, sem ser as classe bacteriana e fúngica responsáveis.
Período pré-menstrual
Muitas mulheres apresentam candidíase nesta fase, pois é o período de acidez máxima vaginal do ciclo menstrual e há proliferação fúngica nos últimos dias antes do ciclo.
O corrimento vaginal indica algum problema no meu organismo?
Nem sempre. “Quando a primeira manifestação está associada a: viagens, mudanças de clima, praias, período pré-menstrual, uso de duchas, ou situações pontuais onde o corrimento veio após, geralmente não é problema do organismo ou região genital e só houve uma alteração de flora vaginal adaptativa a mudança pontual”, afirma a ginecologista.
Porém, principalmente em casos onde há corrimentos de repetição, que recidivam após tratamentos, devemos pesquisar se há alterações orgânicas. Alguns exemplos são a diabetes, queda de imunidade, outras infecções em vulva, vagina, uretra ou colo uterino.
Também é indicado pesquisar doenças inflamatórias pélvicas e doenças sexualmente transmissíveis como clamídia e gonorreia, que poderiam manter esse processo de inflamação vaginal e não reapresentar apenas corrimento comum.
Como melhorar o corrimento vaginal?
O fundamental é avaliar qual é o tipo do seu corrimento: bacteriano, fungico ou proliferação de flora mista? Para então tratar especificamente com a classe de medicação que resolverá a situação.
“Nunca automedicar pois assim pode ocorrer piora importante da infecção. Por exemplo o uso de antifúngico em corrimento bacteriano; além de gastos, uso de medicamento incorreto, ocorrerá maior proliferação bacteriana e piora da infecção”, indica Torras.
Como prevenir o corrimento?
As principais dicas da doutora são:
– Manter alimentação equilibrada, evitando excesso de carboidratos e açúcar.
– Manter controle de peso e glicemia.
– Controle de estresse.
– Usar sabonete íntimo 1 vez ao dia, sempre externo e nunca realizar duchas internas.
– Realizar troca da calcinha de biquíni e evitar ficar com calcinha molhada por longo período.
– Trocar absorvente com frequência (3 horas absorvente interno e 4 horas absorvente externo), higienizando sempre a vulva com lenço umedecido ou ducha entre as trocas.